17/03/09

Blogue: fail.

26/02/09

Com o coração do lado certo

A minha ignorância é vasta mas politicamente sinto que o caso é especialmente grave. Apesar disso a minha linha de acção é obviamente de esquerda. Não aceito facilmente nenhum tipo de extremismo ideológico mas reconheço que uma assimetria clara é uma mais-valia em qualquer sistema.

Comecei na minha procura, a princípio bastante maniqueísta, por associar simplesmente a esquerda ao estabelecimento de prioridades sociais em detrimento de outras de ordem económica e financeira. À medida que fui esgravatando os entalhes retorcidos da filha porca da filosofia (leia-se: a política) comecei a perceber a correlação que existe entre entre direita e os neo-liberais que apesar de tão liberais preferem não encarar certos problemas como a IVG, nacionalismo, fronteiras fechadas aos imigrantes e outras reacções do género. Mas a minha vivência em Londres (sítio onde Marx também viveu durante vários anos) permitiu-me perceber que existem perspectivas radicalmente diferentes sobre esse tema, como por exemplo o facto de o partido liberal-democrata ser considerado de extrema-esquerda...

Sobre o título deste blog: não há dúvida que bombordo é um conceito com origem nos descobrimentos portugueses. Quando nos fazíamos ao mar e descíamos África tínhamos de ir fazendo bordos para a direita e para a esquerda para irmos progredindo com as nossas velas triangulares... e claro que o movimento de voltar para terra, que nos permitia voltar a abastecer a caravela e voltar a ver outras pessoas tinha ser chamado de bom-bordo. Este bombordo a que este blog se propõe tem de começar por ser um bordo estável e sustentado. Nem a grande URSS se aguentou isolada do mundo, nem os cientistas conseguem criar na prática um sistema fechado com seres humanos que seja sustentável em pequena escala. Apesar de aparentemente simples estas estufas "auto-suficientes" parecem-me ser uma conquista importante uma vez que a terra não passa de um somatório dessas pequenas bolhas que não queremos que rebentem nem colapsem.

Voltando à esquerda e À direita: o meu voto está encurralado...
Passo a explicar: um dos principais perigos da esquerda é o facto de o seu extremo ser assumidamente de natureza ditatorial. A liberdade de expressão e de comunicação de ideias é obrigatória para um sistema ser viável. Mas isso parece obvio para todos a menos que tenham plena consciência de que se fossem ricos seriam de direita (como o nosso conhecido Leonel). Resumindo essa é uma esquerda mais podre do que muitas direitas que conheço e que acreditam piamente estar a defender ideias e valores para o bem de todos.

É necessária uma ruptura com esta "anarquia madura" que governa há décadas. Mas confesso que não consigo confiar na facção do bloco que se auto-entitula Ruptura. Não os conheço bem mas do pouco que vi até hoje parece-me no mínimo muito duvidoso: violência a mais, anarquia a mais, raiva a mais... e o resto do bloco também tem problemas: estética padreca (Louçã), marketing a mais e um Portas que me parece quase tão perigoso como o irmão. Podem ser aparências e intuições apenas mas não ficaria descansado com um governo do bloco. Acabamos rapidamente por perceber porque é que cada vez mais as pessoas passam um atestado de irresponsabilidade a si mesmas através do seu não voto ou do voto em branco que de nada valem. Não há partidos na esquerda que não sejam uma cassete de ex-trabalhadores com sotaques irritantes como o PC que nem sequer se distancia do que aconteceu de menos democrático sob a bandeira comunista. E o PS que já todos sabemos tratar-se de um partido de direita até que isso deixe de dar jeito...

Portanto nenhum dos partidos que dizem ser de esquerda serve... mas como tenho de votar acho que vou votar verdes... sei que são totalmente dominados pelo PC mas ainda assim são o mal menor.

Na prática o que quero é um político que saiba matemática suficiente para não gamar mais de um terço do ordenado ao puto que está a começar a vida com um ordenado de mil euros. 20% de IVA, mais 150 euros de segurança social, mais IRS... vai dar lá perto. Toda a gente que estivesse perto desse limiar dos 10 000 euros por ano tem de ter um estatuto especial e não pagar nada sequer perto dessas percentagens e acima de tudo temos de acabar com as funções em degraus... os chamados patamares de IVA e da segurança social. Olhando para o gráfico das cobranças do estado aos contribuintes facilmente percebemos que em função dos ordenados (em euros) e as cobranças que lhe são feitas temos grandes saltos especialmente quando se tratam de ordenados muito pequenos como 400 ou 500 euros (dos quais temos de deduzir 150 euros de Seg. social o mesmo que quem recebe mais do dobro) e também um salto nos mil euros porque são cobrados mais 20 por cento de IVA (o que obviamente leva as pessoas a não querer receber mais de 10000 euros por ano... incitando à fuga aos impostos e também a não querer receber um ordenado maior. Obviamente que estas cobranças têm de ser progressivas. Acabe-se com o IVA e invente-se um imposto que é cobrado progressivamente e que resulte no mesmo rendimento... ou seja de forma às pessoas quererem sempre receber mais dinheiro sem as penalizar mas cobrando muito mais para quem recebe muito mais... Visualmente isto explica-se muito bem... um dia destes dou-me ao trabalho de fazer o gráfico. Vamos propor impostos que sejam percentagem progressivamente maiores do que as pessoas recebem. POr mim até podem ter um aumento exponencial desde que fiquem defendidos os ordenados pequenos (da segurança social) e os ordenados médios-baixos (do IVA e quem sabe também da Seg. social). Daí para a frente devia começar o papão do estado a comer mais e mais mas até passar esses valores devia estar quietinho!

O problema é sempre o mesmo: nesta "anarquia madura" só se tomam decisões quando são inevitáveis dado que a pressão dos grandes grupos se torna eventualmente insuportável se nada for feito... assim sendo andamos a fazer o que interessa a esses grandes grupos de pressão ou então entramos no marasmo da não decisão.

Seguidores